segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Conseqüências sociais da Imprensa

Na alta Idade Média o problema fora a escassez, a falta de livros. No século XVI o problema era o da superfluidade. Antonfrancesco Doni, escritor italiano, em 1550 já se queixava da existência de “tantos livros que não temos tempo para sequer ler os títulos”. Livros eram uma “floresta” na qual os leitores poderiam se perder, segundo Jean Calvin. Eram um “oceano” pelo qual os leitores tinham de navegar, ou uma “inundação” de material impresso em meio a qual era difícil não se afogar.

O bibliotecário francês Adrien Baillet temia que a multiplicação de livros trouxesse consigo uma nova época de barbárie. “On a sujet d’appréhender que la multitude de livres qui augmentent tous les jours d’une manière prodigieuse, ne fasse tomber les siècles suivants dans une état aussi fâcheux qui étoit celuy où les barbares avoit jeté les précédents”.
Vale a pena repetir alguns dados estatísticos para lembrar a escala das mudanças que aconteceram no início das comunicações modernas. Por volta do ano de 1500 havia impressoras em mais de 250 centros europeus e elas já haviam produzido cerca de 27 mil edições. Fazendo uma estimativa conservadora de 500 exemplares por edição, haveria então algo em torno de 13 milhões de livros em circulação no ano de 1500 numa Europa de 100 milhões de habitantes (excluindo-se o mundo ortodoxo, que escrevia em grego ou russo ou eslavo eclesiástico).
Já para o período entre 1500 e 1750, foram publicados na Europa tantos volumes cujos totais os estudiosos da história do livro não conseguem ou não querem calcular (com base no índice de produção do século XV o total estaria ao redor de 130 milhões, mas de fato o índice de produção aumentou dramaticamente). Conforme artigo de Peter Burke, publicado originalmente na revista Estudos Avançados (n. 44, v. 16, janeiro-abril 2002) do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

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