O dilema do artesanato na era do conhecimento descartável

Pensando sobre as possibilidades do artesanato, algumas considerações se impõem. Não é de agora que o grande problema dos artesãos está na comercialização de seus produtos. Os artesãos ficam na dependência das feiras e eventos e, em poucos casos, da boa vontade de algum lojista.
Outra consideração importante diz respeito ao perfil etário dos artesãos: a maioria está na idade adulta ou mais avançados no tempo, o que nos indica que a renovação é pequena e que as novas gerações não se interessam muito por essas atividades. Contudo, é bom destacar que nas minhas oficinas de modelagem e encadernação eu percebi um vivo interesse pelas técnicas por parte dos jovens.
Foi isso que me levou a desenvolver este blog como espaço de divulgação e promoção do artesanato, em geral, e da reciclagem, em particular. Tem outro dado (não-científico) que reforça esta minha tese: as escolas públicas não incentivam e já quase não tem aulas de artes-plásticas ou artes-industriais, como existia antes. Virou raridade.
Não podemos perder este conhecimento acumulado, sobretudo aquela parcela de saber que não está nos livros. Me refiro ao conhecimento prático dos artesãos, artífices e outros profissionais que estão em vias de extinção, e que não deixaram nenhum tipo de registro de suas atividades e métodos de trabalho.

Para provocar os alunos e leitores, sempre digo o seguinte: como seria a nossa vida sem o computador? Conseguiríamos fazer tudo o que se faz atualmente? Teríamos a mesma facilidade para projetar e desenhar? Pois bem, a grande maioria já dispõe de computador, mas é também é crescente a quantidade de pessoas que já não sabe desenhar a mão-livre, muito menos modelar ou criar qualquer coisa com as próprias mãos.